Dizer que foi fácil encontrar Hainz seria até irônico, mas ela sabia que ele estava de serviço na LSE (Luftwaffe Sondereinheit), o pior setor na guerra, ele era um amontoador de cadáveres, e raramente quando encontrava alguém vivo, muito poucas vezes tinha chance de salvar alguém. Mas enfim, encontrou-o. Parecia anos mais velho, e fazia apenas alguns meses que não o via. Mas não duvidava que ela mesma também o parecia, apesar da familia Hartmann ser relativamente rica, o racionamento já atingia toda a Alemanha, e não era exatamente prioridade para eles alimentar uma polonesa que, para a maioria naquela casa, não passava de uma invasora que iria atrapalhar o futuro brilhante de Henrrich, apenas a idosa mãe da casa a tratava como um ser humano. Com o tempo descobrira que além da bandeira com o simbolo do nazismo na sala, havia um quadro com o retrato do Führer na cozinha, e sempre que passava por ele era obrigada a murmurar um 'Heil Hitler' se não quisesse passar a proxima meia hora ouvindo um sermão sobre a grande caridade dos Hartmann por mantê-la ali.
Quando conseguiu contatar Hainz ao telefone tudo que planejara dizer fugiu de sua garganta, gaguejou, engasgou, e só se acalmou quando ele riu de sua falta de jeito, o assunto era sério, mas o pouco que o conhecia já lhe provava que seria mais fácil, falando com ele. Dizer em voz alta era como finalmente afirmar com certeza. "Hainz, eu quero me alistar ao NSDAP, quero ser enfermeira voluntária ao exército alemão". Foi um minuto de silêncio de ambos os lados, a não ser pela estática que atrapalhava a ligação, mas nenhuma explicação foi pedida, e apenas instruções de como fazer foram dadas.
Amélia ainda não tivera coragem para contar a Henrrich, sabia que ele tentaria impedi-la, sabia que era perigoso, mas sua maior certeza era que não poderia ficar ali parada. Não podia mais apenas ser uma covarde, talvez fosse a culpa por ter abandonado seu país, ou o amor por Henrrich que a impulsionava a tal loucura. Não sabia ao certo, mas uma semana depois mandara seu pedido ao NSDAP (Partido Nazista), claro, com a identidade falsa, como membro da família Hartmann. E não levou mais que um mês para que fosse aprovado. Enfermeiras profissionais era artigo de luxo no exército, e em falta.
Dentro de dois dias passaria pela inspeção de saúde, interrogatorio psicologico, e se juntaria a liga de médicos e enfermeiros de guerra.
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