A senhora no Café - Parte V

Alguns meses se passaram e era como se Henrrich estivesse em sua vida à anos, já não sabia mais como ficar sem ele e agredecia à Deus por o ter enviado para salvar sua vida, em todos os sentidos. Após a morte do pai Amélia começara a dar aulas de piano para as crianças da região, e todas as noites ele vinha visitá-la. E caminhavam sob as estrelas até chegar ao campo que havia ali perto, conversavam por horas, ela gostava de música, e ele dançava tão mal como se fosse feito de concreto, ela sabia o nome das estrelas, e ele dos aviões, pareciam tão diferentes, que eram completos juntos.
Amélia sabia da vida de Henrrich desde que ea um bebê, e como se alistou para o exército do Führer do Terceiro Reich em 1935, assim que a primeira Luftwaffe fora criada, em alguns anos ele se tornara um oficial lá. Mas nunca passavam desse ponto, ela preferia não saber porque ele estava ali, e ele preferia não falar, era como um pacto silencioso.
Não é como se ela jamais tivesse tido um namorado, quando adolescente dara seus primeiros beijos num rapaz que morava perto do apartamento que dividira com o Pai, mas com Henrrich era diferente, nunca haviam sequer se beijado e compartilhavam uma intimidade que jamais conhecera, talvez porque ela sempre estivera ocupada cuidando de seu pai, ou talvez porque o destino estivesse esperando para que tudo acontecesse desta forma, mas ele fora seu primeiro verdadeiro amigo, e aos poucos, mesmo que tentasse negar, ela sabia, que ele se tornara seu único amor. Mas ainda é muito cedo para essa parte desta história...
Ele deixara de usar a farda para ir buscá-la todas as tardes, inicialmente toda a vizinhança se assustara. As notícias corriam e as ambições do Terceiro Reich assustavam toda a Europa, o rearmamento alemão em 1935 alertara a todos, após a primeira grande guerra vários territórios alemães foram incorporados por outros paises, entre eles a Polônia, que se encontrava terrivelmente no caminho do Führer. As tropas alemãs já combatiam no Japão desde 1937 e a tensão se espalhava mais do que pelo continente, pelo mundo.
A cada dia Amélia podia notar isso nas feições de Henrrich, ele tentava se manter inexpressivo quanto ao assunto, e ela tentava fazer o mesmo, mas toda vez que um deles usava uma palavra errada que lembrasse isso os dois abaixavam o olhar e se entristeciam, era como se o próprio ar transportasse más notícias que eles tentavam ignorar, alguns dias ele sumia, mandava um bilhete, ou deixava um recado com alguma desculpa, ou simplesmente dizendo que não viria naquela noite, e mesmo que tentasse fingir, ela aos poucos tinha a certeza de que o trabalho dele ali estava acabando, de que ele a deixaria. E isso a apavorava.
Seis meses se passaram desde a morte do pai de Amélia, ela iniciara a algumas semanas o curso de enfermagem, havia sido uma sugestão de Henrrich no dia em que os dois haviam se machucado na cachoeoora. havia sido um tia mágico. Era domingo e haviam decidido fazer um passeio mais longo que o normal, prepararam juntos o almoço, colocaram suas roupas de banho por baixo e pegaram a estrada no automóvel alemão que ele sempre dirigira, em pouco menos de duas horas chegaramna trilha, o Sol brilhava alto e seus raios adentravam na clareira onde desembocava a grande cachoeira. Não havia mais ninguém ali. Ele sempre fora um nadador nato, enquanto ela mal saia do lugar com suas braçadas erradas.
No final da tarde a chuva forte de verão começou, mas estava quente, eles continuaram na água. A correnteza veio repentina e arrebatadora e a levou, menos de um quilometro a frente havia outra cachoeira, a queda à mataria, ele nadou como nunca antes, numa velocidade que ele não sabia que podia atingir, e a pegou, desmaiada por ter engolido muita àgua, mas viva, infortunadamente uma pedra pontiaguda perfurou a perna dele enquantos e aproximava da margem, mas ele a salvara, novamente. Ela tratou de seu ferimento como se suas mãos fossem de uma fada. E ele a convencera aos poucos à se tornar uma enfermeira.
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