A senhora no Café

Muitos acham que o horror da guerra está nas mortes, outros que está nos corpos mutilados, muitos tantos na destruição de cidades inteiras, mas para quem está lá, para quem ve refletir em seus olhos o terror, sabe que nada disso se comparar ao fogo. Ainda que o inverno que se aproximava tentasse amenizar o calor que tomava conta de Varsóvia o bafo putrido da destruição se alastrava para todos oa lados, ainda que a carniça dos mortos que se amontoavam não fosse suficientemente terrível para enojar a qualquer um, o fogo assava as carcaças jazentes nas ruas e nos campos de batalhas, espalhando o odor da morte insana da guerra. Os soldados que se matavam, os pilotos que jogavam as bombas, eles não odiavam os poloneses, eles não odiavam os outros soldados, eram apenas peões do xadez diabólico que Hitler iniciara já há alguns anos. No campo de batalha, eram todos iguais, eram todos objetos sacrificáveis. Antes perder um piloto, do que um avião.
Era nessa realidade conturbada em que duas almas enamoradas se enconttravam, poucos segundos foram necessários para que a distância entre eles desaparecesse enquanto as lágrimas corriam soltas pelo rosto de Amélia enquanto Henrrich tentava protegê-la em seus braços. Poucas horas teriam juntos, e muitas coisas a serem ditas pairavam no ar. Acusações nos olhos dela, preocupação e uma selvageria antes desconhecida nos olhos dele. A guerra transformava as pessoas, e não foi diferente com nenhum dos dois.
O plano de Henrrich era simples e executável, na opinião dele, para ela era como arrancar a própria honra e deixá-la para traz como se nada fosse, mesmo que pouco demonstrando, ela sempre fora uma idealista, sempre buscara lutar pela justiça, e agora negaria tudo por ele? O amor que sentia explodir dentro de si teria que ser colocado na balança com todos os seus valores. Ele passara o último mês organizando um modo de naturalizara alemã, e manda-la em segurança para uma cidade que não fosse estar no foco de guerra. Ela passaria todo o tempo necessário em segurança, ele enviaria soldados para verificar sua segurança semanalmente, para abastecer a casa com mantimentos.
Teria de negar sua pátria, seu sangue, sua família, teria de se tornar Amélia Hartmann, esposa alemã de Henrrich. Não que antes ja não tivesse a certeza de que casaria com ele, mas agora tudo se colocava em duvida, tendo em vista que desde o primeiro dia de guerra tinha convicto dentro de si o objetivo de se alistar como enfermeira voluntária das forças armadas polonesas. Seu coração era um amontoado de confusos sentimentos antes jamais experimentados. Porém ele a tomara nos braços, seu beijo consumiu qualquer dúvida, tudo que queria era ele, nada mais importaria se ele voltasse em segurança para ela.
Dentro de dois dias ele voltaria e a levaria para a Alemanha, fugiria da guerra, fugiria como uma covarde, à mando de seu coração.
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