Á NAÇÃO COXA BRANCA

Um sentimento que nunca temi em mostrar



Desde domingo venho buscando inspiração e racionalidade para escrever algo sobre os adventos pós-jogo no Estádio Couto Pereira. Pela minha e, acredito, pela cabeça de muitos Coxa Brancas se passaram os mais variados sentimentos. Passamos pelo luto, pela revolta, pelo rancor, por tudo isso misturado, o caos se instaurou sobre nossos espíritos quando vimos nosso amado time ser rebaixado. Frente à essa desgraça, algumas pessoas que prefiro me ausentar de julgamento invadiram o campo, e a “guerra” que se passou a mídia já mostrou de várias formas. Mas, até agora, não vi ninguém realmente mostrando o que se passava.
Acumulamos ressentimento à uma diretoria que muito prometeu e quase nada fez. Acumulamos um grito de tristeza em nossas gargantas. Até agora é difícil acreditar que o ano do nosso centenário acabou dessa maneira trágica. Mas agora é hora de recomeçar. Afinal é para isso que servem as revoluções, para mudanças e recomeços.
Com tudo que aconteceu, incrivelmente, sinto meu amor pelo Verdão berrar dentro de meu peito, um sentimento de revanche, uma vontade incontrolável de colocar novamente o Coritiba no lugar que merece, não só a primeira divisão do futebol brasileiro, mas também na cadeira dos grandes de todo o futebol. Tenho certeza que não sou a única com tal sentimento, é a luz que me leva a ter a certeza que nosso querido time renascerá tal qual uma Fênix, mais forte e mais belo, com a ajuda dessa amor incondicional que essa nação sustenta por ele.
É hora, povo alviverde, de mostrarmos nossa raça. Mostramos nossa força e acima de tudo nosso amor. Pacificamente? Sempre! Mas jamais irracionalmente. Vamos analisar, sei que é fácil não pensar e seguir a opinião da mídia, sei que é fácil, como o diretor Jair Cirino fez, jogar a culpa em alguém. Mas por esse amor que sentimos vamos pensar no futuro e no que cabe à nós fazer pelo nosso amado time.
Convoco, humildemente, cada Coxa Branca à pensar como podemos levar nosso time ao lugar que lhe é por direito, convoco também à expormos nossas idéias, a colocarmo-as em prática, e então à comemorar finalmente o alívio em ver que nada foi em vão, e que um dia não pode apagar CEM ANOS de GLÓRIAS.

Com o meu verdão
eu vou a todo lado
sempre descontrolodo
eu te quero ver campeão
jamais, jamais
verás em mim fraqueza
na alegria ou na tristeza
estarei com o meu verdão
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Um rosto familiar

Quando ela entrou no pedaço enluarado da sacada
Parecia simplesmente fazer parte do céu
Talvez uma estrela caída
Ou uma faísca de Lua
O traço fraco de seu rosto
Cada vez mais tênue
Desaparecia de meu campo de visão
Enquanto caía.
Ela se foi
E permaneceu na lembrança
Aquele rosto familiar.

Uma dose de arte, por favor garçom.


Um gostinho de surrealismo moderno, um cheirinho de universo paralelo, e nada melhor que um café preto, bem forte, para acompanhar.
Essa obra é da artista Denise Alba, uma webdesigner brasileira, da nova geração talentosíssima. Ví sua obra pela primeira vez no Kroeg, um bar no largo da ordem onde artistas alternativos expõe seu trabalho, um ambiente aconchegante e rodeado de cultura, com música boa, caipirinha aceitável e muito bem frequentado.

Deus.

(...)E as cores se interligavam e formavam uma só: o branco. E o branco emanava a sua essencia: a luz. E A luz era a manifestação mais plena da energia. E era uma luz tão pura, e tão forte, que nosso vão intelecto jamais poderia mensurar. E era tão forte, e tão bela que se expandiu e tudo formou. E essa energia É. O Verbo, o ser, o átomo,e a estrela, e a galáxia, e o sistema, e o universo. E Deus.
E cada átomo, e cada elétron, próton, neutron, cada inumera e minuscula ou imensuravelmente grande é a mesma essencia. E tudo está ligado, toda essa luz exala, e volta para sua essencia, e somos tudo e todos Ele.


Uma dedicatória ao recém-chegado Marcelo, presente na concepção da idéia.
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A senhora no Café - Parte X

Suas pernas ficaram bambas, e sua voz fugiu da garganta quando, poucas horas antes do horário em que partiria, Henrrich ligou para ela. Há dias não ligava, talvez semanas, o tempo era relativamente estranho em dias de guerra. Algumas horas pareciam dias, e alguns dias pareciam segundos. Amélia buscou explicações, buscou um modo de dizer a Henrrich que partiria para a guerra. Algum modo dele não impedi-la, e começou, sem controle algum a vomitar as palavras em cima dele.
- Eu o amo Henrrich, mas a culpa e a covardia com que fugi da Polônia correm minh'alma, já não vivo, estou vegetando aqui, sem você, sem minha família. Eu sei que salvas-te minha vida me trazendo pra cá,e lhe agradeço profundamente, mas não posso mais ficar parada. E o meu modo de agradecer pelo que me fizeste foi me alistar ao NSDAP, como enfermeira voluntária, você sabe, elas estão em falta, e foi você mesmo que me induziu a aprender tal profissão,e agora, que é o momento que mais precisam de mim, eu tenho de estar lá. Quando te apaixonaste por mim, sabias dos meus valores, e da minha honra, e nunca ela havia se manifestado tçao intensamente. Sei que é perigoso, sei que posso morrer, mas não posso ficar rezando para que você volte inteiro para os meus braços. Eu estarei mais próxima de você assim, e poderei salvar vidas, de alemães como você, porque eu descobri que antes de qualquer coisa, são humanos.

Silêncio.

Qualquer manifestação, qualquer grito teria dilacerado menos o coração de Amélia do que aquele silêncio. Uma respiração acelerada, ela sentia a raiva emanando de Henrrich mesmo que ao telefone. Um arrepio percorreu a espinha da mulher, temia perdê-lo, porque o amava, mas tudo que dissera à ele, era a pura verdade. A voz sempre tão doce de Henrrich saiu como um raio a atingir sua amada.
- Foi ele, eu sei quem foi, foi Schuzt, aquele Saukerl, vou matá-lo. Amélia, ninguém sabe como eu o horror que é estar aqui. Você não aguentaria, você nao sobreviveria, fique, não faça que todos os riscos que corri por você sejam em vão!
- Henrrich, a decisão já está tomada, eu parto em dois dias.

O resto da conversa, não é tão pertinente à estória, e nem Amélia lembrava realmente o que tinha sido dito entre lágrimas, soluços e rancor. Tudo que sabia é que ele a considerava uma traidora, uma ingrata. E a culpa, que já se alimentava diariamente de sua dignidade, agora estava mais voraz e arrebatadora. Além de uma covarde, era uma grande ingrata. Quanto orgulho o Pai estaria sentindo dela se estivesse vivo, pensava com irônia.
No mesmo dia, arrumou suas malas, cortou os cabelos na altura dos ombros para que fosse mais prático, trocou na cidade seus sapatos altos por sapatilhas, suas roupas, todas brancas, e partiu em direção à sede no NSDAP mais próxima. Mais uma vez foi humilhada de várias formas, tivera de ficar nua, para ser inspecionada minuciosamente, estava encolhida enquanto uma enfermeira nada delicada mechia em todo seu corpo, ao final, estava sentindo-se mais um lixo do que qualquer outra coisa no universo. Mas, foi aprovada. Passou em todos os testes, e a mandaram para Berlim.
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A Senhora no Café - Parte IX

Dizer que foi fácil encontrar Hainz seria até irônico, mas ela sabia que ele estava de serviço na LSE (Luftwaffe Sondereinheit), o pior setor na guerra, ele era um amontoador de cadáveres, e raramente quando encontrava alguém vivo, muito poucas vezes tinha chance de salvar alguém. Mas enfim, encontrou-o. Parecia anos mais velho, e fazia apenas alguns meses que não o via. Mas não duvidava que ela mesma também o parecia, apesar da familia Hartmann ser relativamente rica, o racionamento já atingia toda a Alemanha, e não era exatamente prioridade para eles alimentar uma polonesa que, para a maioria naquela casa, não passava de uma invasora que iria atrapalhar o futuro brilhante de Henrrich, apenas a idosa mãe da casa a tratava como um ser humano. Com o tempo descobrira que além da bandeira com o simbolo do nazismo na sala, havia um quadro com o retrato do Führer na cozinha, e sempre que passava por ele era obrigada a murmurar um 'Heil Hitler' se não quisesse passar a proxima meia hora ouvindo um sermão sobre a grande caridade dos Hartmann por mantê-la ali.
Quando conseguiu contatar Hainz ao telefone tudo que planejara dizer fugiu de sua garganta, gaguejou, engasgou, e só se acalmou quando ele riu de sua falta de jeito, o assunto era sério, mas o pouco que o conhecia já lhe provava que seria mais fácil, falando com ele. Dizer em voz alta era como finalmente afirmar com certeza. "Hainz, eu quero me alistar ao NSDAP, quero ser enfermeira voluntária ao exército alemão". Foi um minuto de silêncio de ambos os lados, a não ser pela estática que atrapalhava a ligação, mas nenhuma explicação foi pedida, e apenas instruções de como fazer foram dadas.
Amélia ainda não tivera coragem para contar a Henrrich, sabia que ele tentaria impedi-la, sabia que era perigoso, mas sua maior certeza era que não poderia ficar ali parada. Não podia mais apenas ser uma covarde, talvez fosse a culpa por ter abandonado seu país, ou o amor por Henrrich que a impulsionava a tal loucura. Não sabia ao certo, mas uma semana depois mandara seu pedido ao NSDAP (Partido Nazista), claro, com a identidade falsa, como membro da família Hartmann. E não levou mais que um mês para que fosse aprovado. Enfermeiras profissionais era artigo de luxo no exército, e em falta.
Dentro de dois dias passaria pela inspeção de saúde, interrogatorio psicologico, e se juntaria a liga de médicos e enfermeiros de guerra.
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A senhora no Café - Parte VIII

"Henrrich era como uma droga sublime, ele roubava meu ar, meu chão, meus sentidos e valores. Nada importava enquanto meus olhos estivessem grudados aos seus, não me importava se uma bomba explodisse no meu jardim, eu morreria sorrindo se fosse este o caso, afinal, estaria entre os braços dele, meu ópio estaria circulando no meu sangue, seu cheiro exalando em meu corpo, como se fossemos apenas um, tudo que fiz faria novamente, apenas se pudesse ter esse momento mais uma vez."

Eu poderia passar anos tentando imaginar, sem conseguir com exatidão, a intensidade embrigante desse amor é inalcançável para leigos, como eu, no quesito apaixonar-se.

O dia da partida chegou, ela não levava mais do que roupas para alguns dias, alguma comida, alguns retratos, documentos falsos e uma alma rechaçada pela culpa. Não avisaria seu irmão, nem ninguém, não poderia sequer saber se eles estariam vivos, se sua sobrinha cresceria. Ela, covardemente, salvava a própria vida, abandonando sua identidade, seu país e tudo que tinha até ali, a não ser Henrrich, ele era tudo para sua vida, e nem sequer sabia se ele voltaria para seus braços vivo um dia. Pode parecer fácil descrito assim, mas em um dia ela estava instalada na casa dos Hartmann na Alemanha oriental, acolhida pela já idosa mãe de seu amado. O cheiro do chá de ervas calmantes tomava conta da grande cozinha, havia também uma moça, era irmã mais nova dele, parecia desprezar Amélia, como se ela estivesse infectando o ambiente com uma doença grave. Jamais entenderia o porque disso se não conhecesse o pai de Henrrich, ele a observava com o mesmo áscuo, ele era também um oficial do exército alemão, e a bandeira nazista estava pendurada no meio da sala de estar, ela chegou a imaginar que ele se orgulharia de pendurar uma cabeça de um judeu ali em cima da bandeira.
Era madrugada quando Henrrich ligou, havia sido outro homem a levá-la até ali, era subordinado de Hartmann, seu nome era Hainz Schuzt, ela estava esperando por Henrrich para levá-la quando ele chegou com o mesmo modelo de avião, a farda acinzentada, mas ele era diferente, sentira uma amizade natural ao cumprimentá-lo, seus olhos verdes brilhavam com uma doçura imensurável, assim como seu sorriso. Algumas mechas dos cabelos negros do rapaz caiam-lhe sobre o rosto, fugindo do arrumadinho convencional do resto do cabelo. Durante o vôo ele lhe contara que servia à Luftwaffe pelo serviço militar obrigatório,e que antes disso, estava terminando de se formar como médico, estava na força de resgate aérea, buscando os soldados feridos e levando-os para o atendimento médico, era um lado da guerra em que Amélia jamais tinha pensado, algumas pessoas estavam ali tentando salvar vidas.
A voz de Henrrich ao telefone estava séria, até fria, conversaram por poucos minutos, suficientes para ele saber que ela chegara em segurança, e que estaria segura pelo tempo que fosse necessário, suficientes para ela temer a selvageria cada vez mais evidente na voz dele enquanto contava que conseguira cumprir o objetivo junto com os outros aviadores de abater o quartel de varsóvia e sitiar a cidade. O coração de Amélia estava apertado quando ela foi deitar-se, e nos seus sonhos o remorso por abandonar o próprio país era refletido, via seu pai sendo morto por bombas, seu irmão, toda a família, as mulheres do curso de enfermagem chorando por seus maridos, e todos mortos, ela estava ali sem poder fazer nada, Henrrich segurava-a pelo ombro com firmeza enquanto ela tentava ir ajuda-los, Hainz aparecia, e também era morto, e ela acordava. O mesmo sonho repetiu-se por noites e mais noites, e a agonia de estar presa parecia sufocar-lhe. Todas as noites Henrrich ligava para ela, contava as vitória e os perigos do dia, e seu coração se acalmava enquanto ouvia a voz dele, esquecia das humilhações murmuradas em alemão pelo pai e a irma dele, esquecia do áscuo que tinha ao ouvir as noticias no rádio, sobre campos de força, sobre assassinatos e torturas,e mortes incontáveis.
Meses se passavam um a um, e o inverno se foi, e a primavera chegou, e junto a ela uma decisão, não ficaria mais parada. Não lutaria por um país, lutaria pela vida. Foi quando decidiu procurar Hainz.
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Eu sei que era a hora de estar lá, o sentimento era inequívoco, mas ele não estava. Pode parecer errado, ou louco, mas posso ainda sentir sua presença, seu cheiro entre meus cabelos, talvez tenha ficado empregnado como as marcas em minh'alma. Entorpecida pela embriaguez desse sentimento. Tento refletir, usar a razão, mas é tão inútil quanto tentar manter meus braços longe do teu corpo, minha respiração longe da sua. O ritmo dos nossos corações em sintonia parecia uma mórbida orquestra viciante, hipnotizante, estou tonta. Viciada nessa dança de corpos e cores e copos e coisas. Não tento, não quero manter-me longe. Apenas espero pelo afago das suas mãos em meus cabelos, para, finalmente, fechar os olhos e dormir com a lembrança dos seus olhos junto aos meus.
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A senhora no Café

Muitos acham que o horror da guerra está nas mortes, outros que está nos corpos mutilados, muitos tantos na destruição de cidades inteiras, mas para quem está lá, para quem ve refletir em seus olhos o terror, sabe que nada disso se comparar ao fogo. Ainda que o inverno que se aproximava tentasse amenizar o calor que tomava conta de Varsóvia o bafo putrido da destruição se alastrava para todos oa lados, ainda que a carniça dos mortos que se amontoavam não fosse suficientemente terrível para enojar a qualquer um, o fogo assava as carcaças jazentes nas ruas e nos campos de batalhas, espalhando o odor da morte insana da guerra. Os soldados que se matavam, os pilotos que jogavam as bombas, eles não odiavam os poloneses, eles não odiavam os outros soldados, eram apenas peões do xadez diabólico que Hitler iniciara já há alguns anos. No campo de batalha, eram todos iguais, eram todos objetos sacrificáveis. Antes perder um piloto, do que um avião.
Era nessa realidade conturbada em que duas almas enamoradas se enconttravam, poucos segundos foram necessários para que a distância entre eles desaparecesse enquanto as lágrimas corriam soltas pelo rosto de Amélia enquanto Henrrich tentava protegê-la em seus braços. Poucas horas teriam juntos, e muitas coisas a serem ditas pairavam no ar. Acusações nos olhos dela, preocupação e uma selvageria antes desconhecida nos olhos dele. A guerra transformava as pessoas, e não foi diferente com nenhum dos dois.
O plano de Henrrich era simples e executável, na opinião dele, para ela era como arrancar a própria honra e deixá-la para traz como se nada fosse, mesmo que pouco demonstrando, ela sempre fora uma idealista, sempre buscara lutar pela justiça, e agora negaria tudo por ele? O amor que sentia explodir dentro de si teria que ser colocado na balança com todos os seus valores. Ele passara o último mês organizando um modo de naturalizara alemã, e manda-la em segurança para uma cidade que não fosse estar no foco de guerra. Ela passaria todo o tempo necessário em segurança, ele enviaria soldados para verificar sua segurança semanalmente, para abastecer a casa com mantimentos.
Teria de negar sua pátria, seu sangue, sua família, teria de se tornar Amélia Hartmann, esposa alemã de Henrrich. Não que antes ja não tivesse a certeza de que casaria com ele, mas agora tudo se colocava em duvida, tendo em vista que desde o primeiro dia de guerra tinha convicto dentro de si o objetivo de se alistar como enfermeira voluntária das forças armadas polonesas. Seu coração era um amontoado de confusos sentimentos antes jamais experimentados. Porém ele a tomara nos braços, seu beijo consumiu qualquer dúvida, tudo que queria era ele, nada mais importaria se ele voltasse em segurança para ela.
Dentro de dois dias ele voltaria e a levaria para a Alemanha, fugiria da guerra, fugiria como uma covarde, à mando de seu coração.
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A senhora no Café

"Volte para a casa do campo, o mais breve possivel. Com Amor. Henrrich" Dois meses sem qualquer noticia e era tudo o que ele tinha a lhe dizer? Seu mundo havia desabado em sua cabeça no instante em que ele partira, seu coração parecia quebrar mais e mais a cada dia que se passava sem nenhuma noticia. Tudo havia se passado em sua imaginação; ele podia ter uma familia em Berlim, podia ser casado e ter filhos, podia ter sofrido um acidente, podia ter morrido em combate, como saberia? Ela não era nada oficialmente para ele. Não passava de uma bela história primaveril, efêmera. Lágrimas secaram de tanto escorrer, seu coração e sua alma congelavam junto ao inverno que se aproximava da Polônia. Continuara seu curso de enfermagem, todas as veteranas concordavam que ela tinha mãos de fada. Um forte pressentimento em seu coração dizia que iria precisar disso em breve. Faltava pouco mais de um mês para completar 19 anos, e já tinha as responsabilidades de uma mulher. Estava trabalhando no hospital municipal de Varsóvia, Henrrich deixara um dinheiro para ela, mas estava tentando se manter sozinha. Tentava se recompor do choque que era estar sem ele. Era como estar longe de si mesma. Agora estava ali, desorientada com mais lágrimas umedecendo seu rosto pálido numa manhã gélida de domingo. Suas mãos tremiam, pois o pressentimento em seu coração lhe dizia para ter medo. No mesmo dia juntou suas malas, arrumou-as, e partiu no carro de uma amiga do hospital para a casa do campo, era dia 28 de agosto de 1939, os últimos dias de paz dos proximos cinco anos. As memórias de Amélia desses dias que seguiram são confusas. Talvez o terror que seguiu ofuscou as memórias que deveriam estar claras ali. Foi em primeiro de setembro que o bilhete que Henrrich lhe mandara fez sentido, ao mesmo tempo em que todo o resto de sua história ao lado dele perdera o sentido. A Luftwaffe, com o tenente Henrrich Hartman à seu comando invadira a Polônia de surpresa, bombardeando mais da metade da cidade de Varsóvia por ar, e atacando por terra, sitiando a cidade em questão de horas num ataque sem chances de defesa. Quem não era vivo em tal época, como eu, jamais saberá com exatidão o que era ver a força negra da grande guerra mais uma vez tomando a Europa. Cívis mutilados na rua, e o ataque fulminante não parava, rechaçados corpos se amontoavam pela capital polonesa, o exército polonês tentava reagir, mas não era nada se comparado ao poder da Luftwaffe, a organização, e as táticas elaboradas durante anos pelo Terceiro Reich. Seria impossível uma reação tão rápida dos Aliados a ponto de conter Hitler. Durante dois dias, dois torturantes dias, Amélia permaneceu ouvindo tudo isso pelo rádio, ouvia que alguns aviões alemães eram abatidos, e chorava, e sentia seu peito apertado, ao mesmo temppo que sentia raiva, ele estava ali espionando o poder de guerra polonês, todos os dias em que ele não voltava, era isso que estava fazendo, ajudando a Alemanha a destruir a sua nção. Mas ela jamais fora uma covarde, por mais que soubesse de todo o risco, ela voltaria para Varsóvia, e se alistaria como enfermeira voluntária no exército polonês. Ou era o que deveria fazer, tentava fazer. Até reencontrar os olhos de seu amado. A casa do campo era a alguns quilometros de Varsóvia, e ficava em meio a uma grande campina deserta. Foi ali que o Messerschmitt Bf 109 Emil da força aérea pousou em 3 de Setembro, no entardecer, e ele saiu do avião. Parecia vários quilos mais magro, abatido, com um grande sorriso ao reencontrar Amelia a salvo, porém a preocupação tomava conta do oceano congelado que eram seus olhos.


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Henrrich Hartmann
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A senhora no café - Parte VII

Ainda que tivesse certeza que toda a felicidade que explodia diariamente dentro de si logo seria arrancada, Amélia mergulhou sem medo no amor que sentia por Henrrich. No dia em que ele a pedira em casamento decidiram alugar uma casa no campo, para passarem cada instante que lhes restava juntos. Não existiriam palavras para descrever como em tão pouco tempo uma mulher poderia ser da mais feliz a mais derrotada do mundo, mas era o que acontecia com Amélia. Eles eram noivos, e passavam cada dia planejando o nome que dariam a seus filhos, as cores que dariam as paredes de sua casa, a posição do sofá e da lareira, os padrinhos, as flores na decoração do casamento, e ela passava as noites aninhada no peito dele, sonhando que fosse eterno, imaginando como seria se ele fosse um homem qualquer, e não um oficial da Luftwaffe. E em seus sonhos, todos os seus planos se realizariam.
Mas o tempo jamais fora piedoso, e a realidade não se transformava porque jovens estavam apaixonados. Nem o destino da Alemanha seria outro. E os dias que restavam antes dele partir se esvaiam como água entre os dedos.
"Os dias nasciam quando eu via seus olhos azuis ao meu lado,a me observarem. Os raios de Sol que ultrapassavam as arvores em torno à casa em que estavamos vivendo iluminavam seu rosto de anjo, suas mãos em contato com minha pele eram como o toque de uma rosa, ninguem que jamais tenha amado será capaz de entender o arrepio que percorria minha espinha a cada instante que sentia ele junto à meu corpo, mais que isso, sua alma unida a minha, e nossos lábios não queriam se afastar sequer um instante, como se pressentissem nosso destino separados, e nossa pele em contato era como a chave e a fechadura feitas uma para outra, pois nenhum corpo seria como o dele, nenhuma carícia me faria sentir como que deitada em nuvens do paraíso infindo do amor. Nos amamos todos os dias, e todas as noites que nos restavam juntos. E riamos e conversavamos sobre muitas coisas, mas jamais sobre o futuro próximo. Seu cheiro grudou em minha pele de tal forma, que jamais poderia esquecê-lo, misturado ao cheiro do café forte que ele preparava pelas manhãs e levava a mim, misturado ao cheiro de orquídeas silvestres que adentravam à janela, e ao cheiro de terra umedecida pelo orvalho matutino. Como se pode esquecer a perfeição? Como se poderia comparar alguém, que sempre seria o primeiro?"
Você já se sentiu como se todo o seu chão fosse arrancado de baixo de seus pés?A pólvora tomou o lugar da terra que deveria existir sobre seu mundo, no instante em que o automóvel de Henrrich deu a partida, o pavil que explodiria seu universo acabou, e tudo que restaram foram lágrimas, que não findavam. Era só o vazio a sua volta, pois tudo que via fazia parte dele, todas as suas lembranças pareciam de alguma forma levar até ele, desejou por dias, ardentemente ter morrido e jamais tê-lo conhecido. Desejou que o maldito carro realmente a tivesse atropelado, pois a tristeza que rasgava sua alma a todo instante a sufocava e a matava devagar. Nenhuma carta chegara, mesmo que o Sol iluminasse o céu, seus dias pareciam cinzentos, exatamente da mesma forma como no primeiro dia em que o vira.
Decidiu depois de um mês que Henrrich partira que voltaria para a cidade, voltaria para o curso de enfermagem, e esperaria que ele voltasse para seus braços, mesmo que tal espera durasse toda sua vida.
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A senhora no Café - Parte VI

Era tão necessário fugir dele, que o imã que os unia parecia cada vez ter mais força. Forças contrárias se atraem, é uma lei da física, e aqui, uma lei do amor. Seria lindo, se não fosse tão estritamente trágico. Inevitavelmente a carta que ela esperava jamais chegar estava nas mãos de Henrrich, com o emblema simbolo do partido nazista. Ele ainda não abrira, mas as lágrimas já corriam pela face de Amélia. Ela estava agora entre seus braços mas era como se já o sentisse partindo. Aquele oceano congelado que era os olhos dele estavam agora a poucos centimetros dos seus, mas o que ela realmente sentia eram seus lábios tão proximos que sentia seu respirar. A mão dele segurava com firmeza seu rosto trêmulo, úmido por suas lágrimas, quando numa onda repentina de paixão acompanhada de uma furia que ela jamais vira ele a tomou num beijo.
Nenhum beijo que ela sentira antes podia ser comparado com este, era tão carregado de sentimento que a deixara paralisada por alguns instantes, todo seu corpo amolecera mas ele a segurava pela cintura com tal firmeza que mesmo que ela estivesse morta ele não a deixaria cair. Até que todo o sentimento que ela estivera reprimindo por todos esses meses ao lado dele se manifestou. Ela o segurou com tal urgência como se assim pudesse impedi-lo de partir. Seus lábios se encaixavam e suas bocas se exploravam como se jamais fossem se soltar, era único.
Depois de instantes que pareceram séculos seus lábios se afastaram aos poucos, mas seus olhos estavam unidos, suas almas estavam unidas como apenas alguém que já sentiu o mais verdadeiro amor, unido ao desespero da despedida poderia imaginar.
- Amélia, case-se comigo. Eu te amo, eu te amo desde o instante em que eu vi seus olhos pela primeira vez, te amo como nenhum home jamais te amaria. Não importa o que aconteça, case-se comigo.
As lágrimas corriam sem parar pela face dela, enquanto ela o abraçava com o sorriso mais confuso que já dera. Inicialmente o 'Sim' fora apenas um murmurio, até se tornar um grito cheio de desespero. Eles se amaram naquela noite. E a carta permaneceu fechada até a manhã. A preocupaçao, o desespero que antes tomara conta de Amélia haviam estado de lado naquelas horas em que novamente ela se sentira totalmente segura nos braços dele. Enquanto seus corpos e lábios eram um só. Mas o tempo não iria parar mesmo com a força desse amor. Nem a guerra seria adiada. Nem ele deixaria de ser alemao, ou ela deixaria de ser polonesa.

"Tenente Henrrich Hartman, seu objetivo na Polônia se torna inviável tendo em vista os novos interesses do Terceiro Reich. Em nome do Führer Adolf Hitler lhe convocamos para voltar à sua Pátria. Dentro de quatro semanas deverá se apresentar no 13º comando da Luftwaffe.
Sem mais."

Eram palavras breves, segundo Henrrich era uma questão de segurança das forças armadas alemãs manter poucas informações na correspondência, mas mesmo assim, aquelas poucas palavras foram capazes de acabar com toda a felicidade que reinara a poucas horas naquela casa. O coração de Amélia parecia ter sido arrancado por elas. Veio à tona em sua cabeça tudo que evitara conversar todo aquele tempo, o objetivo do Tenente Henrrich Hartman na Polônia, um ressentimento abateu sua alma, assim como o silêncio se abateu entre os dois por um tempo que para ela pareceram dias. Ela amava seu país, mas amava ainda mais aquele homem. Mas não sabia se ele também poderia amá-la mais do que ao Reich.
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A senhora no Café - Parte V

Alguns meses se passaram e era como se Henrrich estivesse em sua vida à anos, já não sabia mais como ficar sem ele e agredecia à Deus por o ter enviado para salvar sua vida, em todos os sentidos. Após a morte do pai Amélia começara a dar aulas de piano para as crianças da região, e todas as noites ele vinha visitá-la. E caminhavam sob as estrelas até chegar ao campo que havia ali perto, conversavam por horas, ela gostava de música, e ele dançava tão mal como se fosse feito de concreto, ela sabia o nome das estrelas, e ele dos aviões, pareciam tão diferentes, que eram completos juntos.
Amélia sabia da vida de Henrrich desde que ea um bebê, e como se alistou para o exército do Führer do Terceiro Reich em 1935, assim que a primeira Luftwaffe fora criada, em alguns anos ele se tornara um oficial lá. Mas nunca passavam desse ponto, ela preferia não saber porque ele estava ali, e ele preferia não falar, era como um pacto silencioso.
Não é como se ela jamais tivesse tido um namorado, quando adolescente dara seus primeiros beijos num rapaz que morava perto do apartamento que dividira com o Pai, mas com Henrrich era diferente, nunca haviam sequer se beijado e compartilhavam uma intimidade que jamais conhecera, talvez porque ela sempre estivera ocupada cuidando de seu pai, ou talvez porque o destino estivesse esperando para que tudo acontecesse desta forma, mas ele fora seu primeiro verdadeiro amigo, e aos poucos, mesmo que tentasse negar, ela sabia, que ele se tornara seu único amor. Mas ainda é muito cedo para essa parte desta história...
Ele deixara de usar a farda para ir buscá-la todas as tardes, inicialmente toda a vizinhança se assustara. As notícias corriam e as ambições do Terceiro Reich assustavam toda a Europa, o rearmamento alemão em 1935 alertara a todos, após a primeira grande guerra vários territórios alemães foram incorporados por outros paises, entre eles a Polônia, que se encontrava terrivelmente no caminho do Führer. As tropas alemãs já combatiam no Japão desde 1937 e a tensão se espalhava mais do que pelo continente, pelo mundo.
A cada dia Amélia podia notar isso nas feições de Henrrich, ele tentava se manter inexpressivo quanto ao assunto, e ela tentava fazer o mesmo, mas toda vez que um deles usava uma palavra errada que lembrasse isso os dois abaixavam o olhar e se entristeciam, era como se o próprio ar transportasse más notícias que eles tentavam ignorar, alguns dias ele sumia, mandava um bilhete, ou deixava um recado com alguma desculpa, ou simplesmente dizendo que não viria naquela noite, e mesmo que tentasse fingir, ela aos poucos tinha a certeza de que o trabalho dele ali estava acabando, de que ele a deixaria. E isso a apavorava.
Seis meses se passaram desde a morte do pai de Amélia, ela iniciara a algumas semanas o curso de enfermagem, havia sido uma sugestão de Henrrich no dia em que os dois haviam se machucado na cachoeoora. havia sido um tia mágico. Era domingo e haviam decidido fazer um passeio mais longo que o normal, prepararam juntos o almoço, colocaram suas roupas de banho por baixo e pegaram a estrada no automóvel alemão que ele sempre dirigira, em pouco menos de duas horas chegaramna trilha, o Sol brilhava alto e seus raios adentravam na clareira onde desembocava a grande cachoeira. Não havia mais ninguém ali. Ele sempre fora um nadador nato, enquanto ela mal saia do lugar com suas braçadas erradas.
No final da tarde a chuva forte de verão começou, mas estava quente, eles continuaram na água. A correnteza veio repentina e arrebatadora e a levou, menos de um quilometro a frente havia outra cachoeira, a queda à mataria, ele nadou como nunca antes, numa velocidade que ele não sabia que podia atingir, e a pegou, desmaiada por ter engolido muita àgua, mas viva, infortunadamente uma pedra pontiaguda perfurou a perna dele enquantos e aproximava da margem, mas ele a salvara, novamente. Ela tratou de seu ferimento como se suas mãos fossem de uma fada. E ele a convencera aos poucos à se tornar uma enfermeira.
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A senhora no café - PARTE IV

Era como mergulhar num oceano congelado, mil lâminas perfuravam seus ossos congelando-a, sentia como se uma parte de seu corpo tivesse sido arrancada, mas não como dor, como frio, cada centímetro de seu corpo congelara mergulhado na escuridão da profundidade. Nadava, mas não conseguia sair daquelas águas. Até que um raio de Sol perfurou a escuridão, um raio de realidade, lucidez talvez. Ouvia duas vozes masculinas distantes, seria seu pai? O que estava acontecendo? Queria falar com alguma daquelas vozes, mas seu corpo não a obedecia, a mente estava levemente consciente. Precisava emergir daquele ébano antes que não pudesse mais voltar. Se agarrou a uma daquelas vozes, lutou contra as ondas de frio que a percorriam e foi invadida por uma claridade repentina que machucou seus olhos desfocados. O ar entrava em seu peito como fogo, cada particula de seu ser formigava como se tivesse passado séculos na mesma posição. Quando focalizou o olhar a lembrança voltou a sua mente como num flash em super velocidade.
O pai morto, o enterro, as ruas cinzentas...os olhos azuis. Nessa parte suas lembranças eram turvas, estava num instante caminhando e no outro no chão, com aqueles olhos tão proximos dos seus. Era ele, o soldado que estava ali, usava um uniforme azul-acinzentado, talvez pertencesse a força aérea, no peito vinha escrito "Deutscher Luftverband " e o seu nome "Henrrich Hartmann", era alemão! Tinha o emblema das forças nazistas no braço. Amélia tentou levantar-se, não tinha forças, porque estava num hospital com um maldito soldado alemão? Ele então percebeu que a garota acordara, se aproximou ao mesmo tempo em que ela se encolhia. Ele sentou-se a seu lado no leito e sorriu, e ali ela se perdeu. Não sabia mais porque era 'errado' ele estar ali. Nem sabia que devia se preocupar por estar no hospital. So sabia que estava agradecida por ele estar ali sorrindo para ela.
- Que bom que acordou senhorita Schovoieski, estamos à três dias a te esperar! - Era a voz mais encantadora que já ouvira, não sabia porque, mas todo seu corpo parecia estar acordando, Amélia apenas admirou Henrrich Hartmann, sem saber que era o inicio de sua história.
- O que...aconteceu?
- A senhorita estava distraída caminhando quando um automóvel quase a acertou, felizmente consegui lhe desviar, mas me faltou jeito, e sua cabeça bateu fortemente no chão, eu a trouxe para cá, descobri seu nome pelos documentos na bolsa.
Levou involuntariamente a mão até a cabeça, havia sangue endurecido na parte de traz, e pontos, vários, um arrepio percorreu a sua espinha, voltou seu olhar para o soldado, questionando-se em pensamento o que faria? Não tinha ninguém, talvez se ele a tivesse deixado morrer... Não! Amélia não era assim, não era amargurada. Tentou se prender a alegria por estar viva, mas não conseguia, a única coisa que a prendia eram aqueles olhos ali, de um soldado alemão nazista.
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A senhora no Café - Parte III

Quatro de setembro de 1920, um dia de alegria e um dia de tragédia na família Schovoieski, a matrona da grande família falecera durante o parto de seu sétimo bebê. O Pai não sabia que ria, ou chorava. Tomou nos braços a criança, era como um gatinho, quietinha, como se sentisse a morte da mãe pelo esforço de lhe dar a luz. Naquele instante o Pai prometeu a si mesmo e a pequena Amélia que a protegeria do mundo, da guerra. A pequena tinha 4 irmãos, e duas irmãs, mas destes apenas um rapaz estava vivo, naquela época a medicina era falha, doenças que hoje podem parecer simples disimavam famílias inteiras, e a grande casa dos Schovoieski era habitada agora apenas pelo Pai e por Amélie, já que o Rapaz se casara já a algum tempo.
Os anos se passaram, através de dificuldades, mas sempre cheios de amor. Amélia crescia, tocava piano todas as tardes para o Pai, ele mesmo a ensinara a ler, ensinara latim, francês, piano, cozinhar, cuidar dele, porque estava ficando velho. Todos os cabelos de sua cabeça haviam caído, suas mãos antes fortes agora eram enrugadas e poderiam quebrar-se sem muito esforço. A primeira Grande Guerra passou, a casa grande se foi, mas o Pai e Amélia continuavam unidos, moravam agora num pequeno apartamento no centro da cidade, não tinha muito luxo, mas eles não se importavam. Ela era uma moça linda agora, mas também não se importava, era feliz, pouco saia, enquanto seu pai trabalhava na alfaiataria ela cuidava da casa, ela estudava poesia, e sonhava. Era para ser uma história de vida pacata. Era para Amélia ter se casado antes que seu pai morresse. Teria filhos, uma casa, um bom marido, engordaria, e envelheceria feliz. Mas há dias em nossas vidas que podem mudar tudo. E esse dia chegou na vida de Amélie.
O telefone chamava incansável enquanto ela saia correndo do banho para atender, o roupão branco encharcara com as gotas de seu cabelo, depois, com as gotas de suas lágrimas. O Pai morrera, uma parada cardíaca fulminante do trabalho. Tinha acabado de chegar no trabalho, e se tivesse ficado em casa? E se Amélia trabalhasse e não deixasse que ele saísse? E se... E se... durante um longo tempo sua vida seria cheia de E se's. Tinha apenas 18 anos quando ficou sozinha.
Vestiu roupas negras, colocou o chapéu sobre a cabeça e o veu negro sobre o rosto. Ainda que pareça estranho ela estava linda. A melancolia parecia combinar com seus traços. Seu coração congelara. Estava só, fria, sem saber o que fazer. O Irmão chamara ela para ir morar com ele, mas não queria atrapalhar, a mulher dele acabara de ter o primeiro bebê. Os tempos não estavam facéis, só iria atrapalhar. Ele se ofereceu para leva-la em seu carro para casa, mas do mesmo jeito, ela recusou, precisava pensar. Era outono, um dia cinza, um dia morto. Caminhou para fora do cemitério de olhos baixos, as lágrimas escorriam sem parar por seu rosto, deixando um leve rastro negro de maquiagem borrada. Não se sabe por quanto tempo ela caminhou por entre as ruas vazias da cidade, nada vira até aquele instante, quando em um centésimo de segundo alguém a jogara no chão para o lado. Só o que pode ver foram aqueles grandes olhos azuis tão perto dos seus que poderia confundi-los...
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A senhora no café. Parte II

Uma semana se passara e eu não conseguia esquecer aqueles olhos ternos me olhando ao me entregar aquele diário, não voltara ao cyber-café desde que a senhora morrera, ali, em minha frente, aquele brilho que eu nunca esqueceria, se apagara, junto ao último raio de um pôr-do-Sol. Sentada na sacada do pequeno apartamento observava a vista do parque, não era nada magnifico, mas era só minha. Alguns mendigos dividiam uma garrafa de vodka lá, algumas prostitutas se ofereciam para homens na rua. A Lua alta no céu anunciava oa dentrar da madrugada, e eu assim como ao olhar aquela senhora, não conseguia desgrudar os olhos daquele velho livro de capa de couro. Abri-lo seria como violar a intimidade daquela mulher. Havia um bloqueio em mim, ao mesmo tempo que um impulso irresistível. Pelo que imaginara eram mais de 400 páginas. Receberia o seguro desemprego por mais 5 meses, meus pais só chegariam no verão,e a primavera estava apenas por começar, eu tinha tempo, curiosidade e mais que isso, tinha um amor incontrolavel e desconhecido por aquela senhora dos brincos de pérolas e os olhos de gato.
Corri os dedos pela capa, sentindo as imperfeições e as variações de altura devidas às fotos, cartões postais, e tantas outras coisas que a senhora colara naquelas páginas. Não poderia resistir por muito mais tempo, fechei os olhos por um instante, lembrei da moça junto ao rapaz da foto em sépia, pelas roupas, provavelmente estavam na década de quarenta quando tiraram aquela foto. Abri o livro, não me surpreendi ao ver que as folhas que a senhora escrevera pouco antes de morrer estavam logo no começo, o papel branco e novo contrastava com o papel amarelado com cheiro de velho que revestia a capa.
"Não tenho certeza que lerá isso minha querida, talvez apenas jogue no lixo, talvez eu tenha me enganado com a expressão em seus olhos. Ou talvez eu simplesmente não precise lhe entregar isso, mas precisa ser feito. 1945 foi um ano glorioso se quer saber, mas ao mesmo tempo foi um ano carregado de dor. Não espere uma bela história que daria um romance aqui, nem uma grande história que sobrou da guerra, é apenas uma velha história que, assim como eu, já deve ter perdido seu espaço a algum tempo. Só lhe peço, que abra sua alma, que abra sua imaginação, para as lembranças de uma velha à beira da morte. Não julgue meus erros, eu era apenas uma garota, assim como você."
A letra corrida e bela continuava pela página, meus olhos se grudavam a cada palavra, mas depois desse parágrafo o resto não fez muito sentido para mim naquele dia. Apenas continuei, até criar a imagem de quem ela fora, antes de começar o diário. Seus cabelos iam até pouco abaixo de seus ombros, eram de um tom ébano lustroso, e seguindo a moda da época acabavam num delicado cacho. A pele era como porcelana em seu rosto fino, o nariz bem traçado era ofuscado pela magnifica cor de seus olhos. Quando começou o diário, é, realmente era um diário, estava com 17 anos e acabara de terminar o colegial, naquela época principiava a definir sua personalidade, e a conhecer seu destino. Eu poderia passar horas descrevendo-a, sem conseguir compreender realmente quem fora.
Começa aqui, a volta à uma realidade que eu nunca compreenderia, se não tivesse contemplado a face daquela mulher. Apenas mergulhando nessa época eu poderei tentar descrever quem foi Amélia Schovoieski, mais que uma sobrevivente, uma vencedora dos restos de uma guerra.
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A senhora no café. - Parte I

Era terça-feira à tarde, o café tinha alguns poucos perdidos, era periodo de aulas, os adolescentes que frequentavam a lan house que funcionava ali estavam em seus respectivos colégios. Havia uma velha senhora ali sentada, numa mesa um tanto quanto obscurecida, nada que desse medo, pelo contrário, alguns raios alaranjados de Sol iluminavam sua pele pálida, que um dia já fora uma porcelana, hoje carregava as marcas dos anos. Ela se vestia como uma avó deveria se vestir, usava brincos de pérolas, e um anel de diamante que não combinava muito com sua postura frágil, era um anel imponente, talvez de noivado, tinha um brilho e tanto. Ela folheava um livro amarelado, de capa de couro costurado, com aparência bem mais velha do que a própria mulher. Sorria em alguns instantes, tinha dentes fortes e retos, um dia aquele sorriso roubara corações, assim como aqueles grandes olhos verde-amarelados. Olhos que estavam distantes, olhando o nada, enquanto parecia lembrar de algo, eu daria qualquer coisa para ler tais lembranças em sua mente. Alguns meses como atendente num cyber-café e eu ainda não perdera o hábito de me encantar com as pessoas. A senhora voltou seu olhar diretamente para o meu, assustada eu disfarcei o meu interesse prolongado, mechendo em algumas xícaras ali, mas ela já havia me percebido. Levantou a mão e me chamou. Caminhei enquanto arrumava meu avental branco com manchas de café, ela sustentava um sorriso terno, naquele instante senti um carinho imenso, como se a conhecesse a muitos anos, sorri timidamente. Ela pediu um mocacinno, descafeínado, com creme. Acho que nunca esquecerei os detalhes daquele dia. Preparei o pedido dela o mais rápido possível, uma ansiedade tomava conta de mim, por algum motivo qualquer eu estava sendo impelida à ela. Voltei a mesa e entreguei o café, minha curiosidade me venceu e olhei por alguns segundos para o livro aberto sobre a mesa, parecia um diário, ou talvez uma agenda muito antiga, escrito à mão com tinta preta, uma letra bonita e corrida, havia uma foto colada a página, sépia, nela havia uma moça e um rapaz, os dois estavam sorrindo, abraçados, e eram lindos, havia também um trem atras deles, talvez estivessem indo viajar, talvez fosse a Lua-de-mel, talvez...
Desviei o olhar constrangida, mais uma vez a senhora havia reparado em toda a minha curiosidade, apenas sorri com a face avermelhada, virei-me e voltei ao meu posto. Não conseguia parar de observá-la. Ela tirou uma folha de dentro de sua bolsa, e uma bela caneta dourada e começou a escrever. Ficou quase uma hora ali nesse trabalho. Três folhas escritas e ela me chamou novamente. Caminhei até ela e perguntei novamente o que ela desejava. Sua voz falha não escondia a beleza que um dia ostentara. "Querida, qual seu nome?" meu coração acelerara enquanto respondi."Eu quero lhe dar um presente" ela disse, entendendo à mim o suposto diário e dentro dele as folhas que passara aquele tempo escrevendo "Não precisa ler se não quiser, apenas tenha-o" ela sorriu enquanto sua mão tocava a minha e então seus olhos perderam o brilho, enquanto fechava-os devagar, o sorriso ainda nos labios, e ela morreu.
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A tal da Gripe...



Brincadeirinhas (mentira, é uma reportagem mal feita!) à parte o assunto é sério. A tal da Gripe Suína está aí interferindo no nosso cotiadiano. O começo das aulas lá na UTFPR foram adiadas até o dia 10/08, e em todos os cursinhos da cidade também. Todos nós estamos cansados de saber todos os sintomas e as medidas profiláticas, mas ainda assim a maioria ignora o mais importante: Evitar aglomerações. Não adianta nada ter as aulas suspensas se nós estudantes formos pro shopping, ou derivados. Tem muito 'burburinho' em volta do assunto, mas a verdade é que ainda não sabemos o comportamento futuro do vírus, nem se ele é muito mutagênico, até agora a mortalidade do H1N1 é menor do que a influenza que estamos acostumados e fingimos que nem é grave, mas isso não é motivo para arriscar, afinal, não é legal testar a profundidade de um buraco pulando nele.
Vamos nos cuidar, lembrar que ficar em casa não vai matar ninguém, nem lavar a mão, e todas essas coisas. Estou usando todo meu auto-controle para não ficar mordendo a unha, ou mechendo na boca, pois não sei onde pode estar o vírus e é inevitável encostar em lugares onde outras pessoas estão o tempo todo encostando também.
Mas enfim, a verdade é que a cada minuto novos vírus podem estar surgindo através de mutações gênicas, e estamos inevitavelmente expostos a eles, a poluição, o uso de inseticidas proibidos nas lavouras, testes nucleares, transgenicos, transferência de animais selvagens para ambientes urbanos, a cosntante mudança do mundo está se aplicando muitas vezes multiplicada aos microorganismos, e o que fazer? O máximo é se alimentar bem e torcer para sua imunidade dar conta deles.
É, respirar já não é como antes.
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Ler ou Não Ler? Eis a questão




Uma coisa tem me deixado encucada, isso de tantas pessoas supostamente não gostarem de ler. Eu aprendi a ler aos 5 anos, graças ao livro Soprinho, não me lembro o nome da autora, eu gostava tanto do livro, e minha mãe estava tão enjoada de lê-lo todos os dias para mim que decidi que iria aprender a ler, desde aí não parei mais, sempre adorei conhecer esses novos universos contidos em páginas, universos que algumas pessoas nunca nem imaginaram que existem. Continuei lendo, passando por várias fases, desde livros infantis, romances, até filosofia. Cada dia mais apaixonada pela magia com que as palavras se transformam em imagens e sentidos em nossa mente. Aí algumas pessoas dizem que odeiam ler, que não conseguem, mas será que já tentaram? Afinal existem livros para todos os gostos, muitas dessas pessoas só pegaram livros que foram 'obrigados' por professores, ou pelo vestibular, ler sem nenhuma obrigação é muito mais enriquecedor e interessante.
Não pensem que é só porquê serei uma aluna de Letras dentro de alguns dias que defendo a leitura, ler além de expandir seu vocabulário, distrai e faz bem. Comece com um livrinho da nossa querida e conhecida coleção Vagalume, ou mesmo com algum conto, pra quem gosta de coisas mais regionais indico Dalton Trevisan, um escritor curitibano ótimo, não tão difícil de se entender. Não precisa nem sair de casa, tem vários sites onde dá para baixar e-books grátis. Deixo no final desse post alguns links, alguns nomes de livros e autores que indico para leitores iniciantes (rsrs).
Palavras são muito mais do que simples letras, são muito mais do que um método de expressão cotidiana. Palavras são portais para nossa mente, são fotografias do universo. Com um milhão de sentidos, contextos, são sinestésicas. Abra sua mente. Leia. Informe. Questione.
Site com e-books, quadrinhos, revistas para download rápido e gratuito:
http://ebooksgratis.com.br/
Alguns titulos que indico:
Melancia - Marian Keyes (http://livrosgratis.sites.uol.com.br/litest/melancia.html)
Este livro é uma comédia romantica muito gostosa, com um ar feminino despojado, sem muita enrolação e rende muita risada.
A torre Negra - Stephen KinG (http://ebooksgratis.com.br/livros-ebooks-gratis/literatura-estrangeira/serie-torre-negra-stephen-king/)
Do brilhante escritor de suspense Stephen King é uma série cheia de mistério, num universo paralelo, envolvendo magia, conflitos internos e uma metáfora sobre a sociedade moderna.
Marley e Eu, A vida e o Amor ao lado do pior cão do mundo - John Grogan (http://maisbook.blogspot.com/2008/07/marley-eu.html)
O best-seller que inspirou o filme de mesmo título. Quem viu só o filme nunca vai entender o encanto que esse livro provoca no leitor, lágrimas, riso, saudades.
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Dica De Música do Mês


Bem, esse é o primeiro (Uhul, vamos comemorar) artigo útil (Ou não) pros meus raros leitores(por enquanto). Todo mês vou postar uma dica de música, bandas, ou cantores, que não estão na mídia mas que eu (humildemente opinando) acho bom.
A banda que eu vou indicar hoje eu conheci no show da banda americana de ska Less Than Jake (Por sinal, muito boa também). A Abraskadabra é aqui de Curitiba, e tem um estilo muito diferente com trompetes, sax, trombone, misturados aos bons e velhos instrumentos tradicionais das bandas de hardcore. Começaram a se apresentar em 2003, e hoje integram o cenário underground de BOA música curitibana,
Eles tem uma presença de palco incrível, e eu comprei o CD no mesmo dia que vi eles tocarem pela primeira vez, realmente vale muito conferir.
Aqui vai o link do myspace do purevolume deles
http://www.myspace.com/abraskadabra
http://www.purevolume.com/abraskadabra
Musica Tonight - Abraskadabra
http://www.youtube.com/watch?v=-FRWOEopF0M





Pra quem nunca ouviu Ska vai ai uma definiçãosinha, vale uns minutinhos pra ouvir e descobrir, principalmente se você gosta de reggae, surf music e hardcore.
Wikipédia diz: Ska é um estilo musical jamaicano que se desenvolveu entre o final dos anos 50 e o início dos anos 60. Combinando elementos do Swing e do mento com o jazz e o R&B norte-americano, foi um precursor na jamaica do rocksteady e mais tarde do reggae. O Ska, apresenta um ritmo forte que acompanha o reggae swingueiro na sua vibração melódica. Assim, os sons dos tambores são difíceis de ser executados, por terem de fazer harmonia com as cordas da guitarra e do sax jamaicano.
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Tenho que aprender a fazer isso.



Aqui vai mais uma análise boba de lembranças. Hoje eu estava ali assistindo um desenho, quando me lembrei de uma conversa "(...)sabe quando você assistia um filme de super heróis, ou mágicos, e pensava 'Uau, eu tenho que aprender a fazer isso'(...)". Quando se é criança é tão fácil ter esperança, eu e minha 'turma' da rua de traz (rs) brincávamos num capão que havia ali perto de nossas casas, quase todos os dias depois da aula, iamos brincar de 'pega-pega', mas a brincadeira principal era a de super-herói, cada um escolhia um personagem de um desenho ou quadrinho qualquer e saíamos entre as árvores salvando personagens invisíveis. O engraçado é que junto com a lembrança que tenho hoje consigo a sensação de realmente ter aqueles poderes que brincávamos. Isso de lembrar é mágico, único quando se trata da infância. Nossa mente pode criar universos, esconder dores, criar cores, quanta tecnologia, quanto avanço técnico, e tão poucas pessoas se lembram do avanço espiritual, do nosso saber puro, da nossa percepção do que há. Pequenas coisas, imagens, momentos únicos, ficam gravados em nossa mente por toda vida, e talvez nem seja real, mas não é esse realmente o lado importante, é como podemos criar, esse é o dom divino. Criar é tão singular, uma melodia que surge expontanea em sua mente, uma cor que surge misturando outras num papel, traços que se unem para formar algo novo, raios de Sol refletidos na água formando desenhos, nuvens que ao longe parecem montanhas, montanhas ainda mais longe que te lembram o mar, a mistura do azul com o verde cortados pelo laranja do fim de tarde. Pode ser tudo uma criação da minha mente. Alguns diriam 'apenas uma criação da sua mente'. E achariam incrível a quantidade de cores que um computador pode projetar.
A cabeça de uma Caloura (meio neUrótica) em Letras




Bem, eu não devo ser a única caloura perdida da universidade em que começarei a ter aulas em pouco menos de uma semana (UTFPR *-*), também não devo ser a única a achar que é meio diferente(?) um curso de Letras no meio de uma tecnológica. Mas enfim, acabou vindo na minha mente a idéia de escrever algumas das milhões de coisas que passam na minha mente. Fuçando (graças a nosso adorado e pouco profundo orkut) alguns veteranos do meu curso, constatei que vários são blogueiros, pois bem, ai parece que eu resolvi imitar, mas na verdade, os que me conhecem a mais tempo sabem que eu escrevendo coisas não é de hoje, só nunca tive a brilhante idéia de ter um blog, por isso perdi vários textos, e até um livro(rs) que escrevi(muito mal) aos 14 anos. Droga, estou saindo do assunto novamente. O que acontece é que fuçando os veteranos eu me senti totalmente perdida e comecei a viajar sobre a faculdade. Talvez por eu ser muito ansiosa, com quase tudo, que estou comendo todas as minhas unhas, quase os meus dedos ,enquanto não começam as benditas aulas, afinal eu não faço a menor idéia de como vai ser. É como pular num buraco escuro, sem saber a profundidade, só sabendo que é um passo natural (ou não) pular. Aí me lembrei das pessoas que fizeram o vestibular na mesma sala que eu, lembro de alguns rostos, a única menina que conversei não passou, voltamos para o início, não conheço ninguém da minha nova 'turma', lembrei da sensação do primeiro dia de aula na 1ª série do fundamental, muitas crianças estavam chorando, mas eu estava até animada, mas com um milhão de borboletas na barriga. Pois é, de volta a 1ª série, as borboletas começaram no primeiro dia que passou a empolgação do resultado. Para completar meu estado de neurose meu melhor amigo, que faz outro curso na mesma universidade, é a pessoa mais tranquila do mundo, então, não faz idéia de como estou me sentindo para poder aliviar, ou sei lá. Enfim, resolvi escrever, e parece até que está adiantando, escrevendo isso me sinto idiota por estar tão ansiosa, o que diminui a ansiedade :D





Eu sei que já postei hoje, mas vá lá, é meu primeiro blog.
XD

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No Brasil, nos Estados Unidos, na França, na África do Sul, em qualquuer lugar que possamos pensar, em qualquer lugar onde nossa suposta civilização já tocou, em qualquer lugar onde o tão falado dinheiro já chegou, lá está a violência contra o inocente, contra nossos irmãos, contra nossos compatriotas, contra a criança, contra as unicas esperanças de sobrevivencia da humanidade num futuro próximo em que a revolta da natureza não é nosso unico desafio.
E tantos olham e fingem não notar, que deve existir algo de errado conosco, com nosso modo de viver e de pensar. Porque temos de matar para mostrar poder? E não é só o assassinato,a violência física, falo também das mortes indiretas que causamos, quantos morrem de fome? Olhamos para a África como um continente distante, olhe além de sua janela, olhe além do seu carro e busque nos olhos daqueles que não têm lar, nâo têm o que comer, busque uma centelha de esperança naqueles olhos,e por Deus, você com certeza encontrará, então porque ninguém faz nada além de jogar o problema na mão dos governantes? Um homem sozinho por melhor que seja não leva uma nação nas costas, muito menos o mundo.
Ficamos horrorizados com algumas reportagens sobre as guerras que se espalham sobre o mundo, mas nao ligamos quando no transito alguém chinga outra pessoa sem nenhum motivo a mais do que alguns segundos perdidos, e será que não está ali a resposta pro mistério que é a matança que acontece nesse mundo? É fácil dizer que falta amor, que falta compaixão nessa sociedade, mas se em nada te toca pensar nisso, será que nao está em cada um de nós enraizado e crescendo como um câncer esse egoísmo?
Não é o capitalismo, não é o dinheiro, não é o poder... é o próprio ser humano que parece gostar de destruir um ao outro sem perceber que a centelha de sua própria vida vive no outro, está no DNA de cada um o mesmo passado, a mesma história, e todas as lutas de todas as classes são de todos, cada negro que morreu na escravidão foi um de nós, cada judeu que morreu nos campos de concentração tem exatamente o mesmo gene que o meu ou o seu, cada criança que morre hoje na favela vítima do tráfico podia ser meu ou seu filho, seu irmão, assim como mutias espécies estão em extinsão, ainda não cogitamos a hipótese do ser humano estar causando a própria extinsão?
Será que sou apenas eu que me sinto indignada com o que vejo? Quantos gritos serão necessários para ouvirem? Quantas mortes serao necessarias para verem? Está no pensamento de cada um o problema, nao está no outro.